Em agosto de 1930, regressa à sua terra natal de
Portomar vindo do Brasil, José Maranhão Neves. Tendo partido com o intuito de
granjear fortuna, voltou com 31 anos sem fortuna, mas com uma nova fé: o
Protestantismo. Pouco depois já se realizavam na sua casa estudos bíblicos e o
1º culto aconteceu no final de julho de 1931. Para estes cultos eram
convidados familiares, vizinhos e amigos. Num tempo em que em Portugal não
existia liberdade religiosa, José Maranhão Neves foi perseguido e chegou a ter
a cabeça a prémio. Um padre da região pagou a um homem para o matar, prometendo
que o iria livrar da cadeia. No entanto, este homem não o quis fazer, avisou
José Maranhão Neves e emigrou.
José Maranhão Neves no seu
testemunho fiel e de dedicada perseverança deu origem a uma comunidade
protestante que cresceu e sobreviveu na pacata aldeia rural. Nos seus primeiros
anos, reunindo-se em casas dos crentes e numa casa alugada, esta comunidade
perseverou e orou. Nestes anos, a comunidade foi acompanhada pastoralmente pelo
pastor Pascoal Pitta, que em 1934 aceitou com profissão de fé o próprio José
Maranhão Neves como membro da Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal
(IEPP) e por baptismo: Maria da Encarnação e também Maria Domingos Cruz mãe da
anterior, Emília Ribeiro, João Baptista Ribeiro Salvador, Maria dos Santos
Moça, Bernardo Lopes, Maria da Conceição Miranda e Germino dos Santos Cruz, o mais
novo dos professos com 23 anos. Também vinham pregar a Portomar: João Coelho e
os pregadores leigos do Bebedouro.
A partir de 1957, o evangelista
Alfredo Vasco Lopes deu apoio a esta comunidade que durante o tempo deste
pregador leigo, experimentou um reavivamento. Havia Escola Dominical e a
assistência subiu de tal maneira que foi necessário alugar uma casa porque as
pessoas eram muitas para a casa de José Maranhão Neves. Quando, por questões
internas do Bebedouro, Alfredo Vasco Lopes foi afastado como evangelista, a
comunidade esmoreceu, deixou a casa alugada e a partir de então a igreja voltou
a reunir-se em casa do irmão Neves. Durante algum tempo deu assistência a esta
missão Isaac Rodrigues Aço, mas tendo emigrado para o Brasil para estudar teologia,
em 1962, iniciou o seu ministério o evangelista José Maria Simões Serafim, que
foi durante décadas a pedra de sustento desta missão.
Um dos membros relevantes desta
comunidade foi o irmão Henrique Almeida Madaíl que professou a sua fé em 28 de
julho de 1946. Este irmão também foi uma pessoa muito importante na abertura da
comunidade presbiteriana de Setúbal.
Durante anos, porque não havia
pastor residente em Portomar, não havia Escola Dominical na missão de Portomar
e, por isso, muitos filhos dos crentes que frequentaram a catequese, acabaram
por continuar a sua caminhada de fé na igreja católica.
Por esta missão passaram os
pastores Teodoro Augusto Silva, Saúl Sousa (pastor que se incompatibilizou com
Alfredo Vasco Lopes), João Severino Neto, Mário Ferreira Neves, José Manuel
Leite, Manuel Pedro Cardoso, Jorge Gameiro, novamente José Leite e atualmente
Maria Eduarda Titosse.
O sonho desta
comunidade foi, desde sempre, construir um templo. 81 anos depois da primeira
reunião de evangelização e, 80 anos depois do seu 1º culto, no ano de 2011 foi
lançada a 1ª pedra no dia 7 de Agosto pelas 15h30. Neste culto foi enterrada
uma cápsula do tempo onde para além de uma Bíblia, um hinário e algumas
liturgias de tempos passados, foram também preservadas algumas peças da velha
mota do irmão José Maria Simões Serafim, a mota que ele usava para fielmente ir
dirigir os cultos, mesmo debaixo de tempestades que o deixavam encharcado.
Estas peças simbolizam a dedicação e esforço deste irmão para a sobrevivência
desta missão.
Neste mesmo ano, no domingo dia 20
de novembro de 2011, pelas 15h30, na Travessa do X Portomar, Mira, Coimbra, foi
realizado o culto de inauguração. Este templo foi o somatório da graça de Deus
que nunca abandonou esta comunidade, da fé, persistência, oração, dedicação da
parte da comunidade e da generosidade da aldeia de Portomar que se juntou para
ajudar na angariação de fundos e na construção propriamente dita.
Esta é uma comunidade pequena, mas
muito ativa e respeitada na aldeia onde está implantada. A igreja de Portomar é
uma igreja que vive com profunda alegria o ano litúrgico, das celebrações
especiais podemos ressalvar: Semana de Oração pela Unidade, Dia Mundial de
Oração, Domingo de Ramos, Ágape de Páscoa, Culto de Páscoa, Festa da Família,
Festa dos Talentos, Culto de Ascensão, Culto de Pentecostes, Festa das
Colheitas, Culto da Reforma, Culto de Aniversário, Festa de Natal. Esta igreja
também está sempre presente nas atividades da Região Protestante do Centro.
A Igreja Presbiteriana de Portomar
é uma igreja com uma vocação diaconal que se faz sentir não só entre as pessoas
da aldeia, mas também ajudando a Obra do Frei Gil na praia de Mira. Entre
as suas atividades abertas à aldeia e a todos, podemos salientar: As Janeiras e
a presença anual da Festa da aldeia em agosto e recentemente a presença na
Feira de Natal de Mira, onde apresentaram uma pequena cantata de Natal.
Esta é uma comunidade viva e
acolhedora que espera a sua visita.
Seja bem-vindo!
Fontes:
CARDOSO,
Manuel Pedro. (2000). Bebedouro, O Protestantismo no mundo rural.
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