Começarei por citar Eduardo Moreira, no opúsculo “José Augusto Santos e Silva: Pai das Missões”, editado pela Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal (IEPP), que falando deste diz “Entre as missões e as igrejas a que ministrou o Evangelho e os sacramentos (...) avultou uma, nascida da ação de um grupo de “Obreiros da Fé”, que ele acarinhou e orientou. Teve início em Alcolena, passando mais tarde para a Calçada da Ajuda e vindo a ser a Igreja Evangélica Ajudense, de respeitáveis tradições, como a Figueirense, a Chelense, a Balneense...”. De facto, a Igreja Evangélica Ajudense iniciou a sua actividade num andar da rua de Santo António a Alcolena, em Lisboa, por iniciativa de uma corajosa e dedicada mulher crente, no ano de 1903. É assim a Igreja Ajudense uma Igreja centenária. Em 1908 mudou-se para o 1º andar, arrendado, do actual edifício na Calçada da Ajuda, 205-207. Mais tarde, em 1930, com a compra do prédio muda-se o Culto para o actual rés-do-chão. Entretanto constitui-se como Igreja organizada, com Pastores e Diáconos e foi registada no Governo Civil de Lisboa em março de 1927, como Associação Cultual da Igreja Evangélica Ajudense e suas Missões. Os Estatutos da Igreja logo no seu artigo 1º dizem ser uma Organização espiritual que se filia nas ideias da “Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo”.
Robert Kalley, o grande impulsionador do Protestantismo em Portugal, nos anos quarenta do século dezanove, fugindo da perseguição na Madeira refugia-se no Brasil onde funda a Igreja Fluminense e opta pelo sistema Congregacional. As igrejas Congregacionais do Brasil vão aceitar como base de fé a “Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo”. Ao adoptar este manual como base de fé, a recém legalizada Igreja Evangélica Ajudense, vai filiar-se no Congregacionalismo português que adoptara este documento como norma para se ser congregacional.
O pai do congregacionalismo português foi, como é sabido, o pastor Manuel dos Santos Carvalho. De entre os homens congregacionais queremos lembrar o labor do Pastor Joaquim Rosa Baptista. Com o trabalho empenhado deste Pastor iniciam-se as conversações com a Junta Presbiteriana de Cooperação com vista à união orgânica das Igrejas Congregacionais e Presbiterianas. De facto, em 31 de Outubro de 1952 realiza-se o primeiro Sínodo da recém formada Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal, congregando as comunidades presbiterianas e a maior parte das comunidades congregacionais. A Igreja Ajudense foi das que se juntou à união. Lembremo-nos que presbiterianos e congregacionais estão muito próximos nas doutrinas, no Culto e têm em comum a histórica Confissão de Fé de Westminster.
Ao longo da sua existência a Igreja Ajudense teve como Pastores, José Augusto Santos e Silva, Joaquim Rosa Baptista, Mário Neves, Vieira da Silva, Michael Knoch e Dimas Almeida. Também teve leigos marcantes como Américo Baptista, que durante muitos anos foi membro influente da comunidade e organista, tendo sido um dos fundadores do Presbitério de Lisboa, e mesmo Moderador do Sínodo Nacional. Também lembramos o capitão Gomes Rocha que por dedicação aos outros recebe o reconhecimento da sociedade civil que lhe dedicou uma Avenida com o seu nome, em Queluz. Também lembramos o trabalho de D. Lucinda Baptista que tantos anos dedicou à Escola Dominical e à Sociedade de Senhoras.
A Igreja tinha Escola Dominical de crianças, jovens e adultos. Havia a Sociedade de Senhoras. Havia o Grupo de Jovens. O grupo de Escoteiros participava na vida da Igreja e tinha nela a sua sede. A Igreja tinha Congressos de Evangelização e um empenho forte na “salvação das almas”. Na década de 70 começam já a notar-se algumas alterações no modo de viver a Igreja e a notar-se uma diminuição no número de membros e um simultâneo envelhecimento.
Continuamos, mesmo assim com o Culto Dominical, a Escola Dominical de adultos, e agora também retomámos de crianças, os Encontros de Oração e estudo da Bíblia, almoços e passeios de confraternização com muita regularidade e o intercâmbio com outras Igrejas mesmo no estrangeiro. Confiamos que Deus nos ajuda e vai continuar connosco. Rui Narciso, pastor.
ver menos